sábado, 12 de novembro de 2011

PERDA DE MÃE É algo difícil de falar e arrumar no cérebro. Ou surge torrencial ou refrange imovediço. Sei que encontrar caminhos para esse contar é algo importante para o autoconhecimento. Mas esse é um dos assuntos que poucos gostariam de falar. Debulhar em lágrimas é um ato de delírio convicto que praticamos diante do sofrimento. A perda de uma Mãe querida, carinhosa, companheira, sacrificadora, é algo torrencial, uma tromba incontinente e debulhal, de baixo pra cima, arrebatadora e suspensiva. Há mortes e mortes e não posso alinhar meu sofrimento com qualquer ida. Mas sei que perdi uma parte qualquer - cujo tamanho ou medida não sei -, do medo derradeiro. Não sei se fui eu que deixei de existir ou ela que sucumbiu à vida e ao cansaço. Sei que seu amor pelos filhos atrasou a ida. Sei que meu amor por ela tumultuou as regras do aeroporto. Mas era inevitável que um dia ela fosse. Queria arrebentar a porta da Infraero, explicar que não pedimos a passagem, que não havia crédito no cartão, mas é inútil. Eu digo que passei dez anos de minha vida falecendo de temor e angústia por essa expectativa. Acordava em sobressaltos à noite, em choros sem vela de pesadelos preparatórios. Às vezes mergulhava no âmago daquela expectativa treinando-me para um momento que não chegava nunca. Como é? Pode alguém me perguntar. Não sei, não é. Talvez um tombo no peito, tombo sem baque, tombo convertido no chumbo entalado que veste-nos de ausência irrequerida. Um manto líquido que corre ao infinito de um sonho inalcançável, o aconchego eterno, o sentir-se filho na ausência, o sentir a Mãe sem a presença. Ela se vai e se foi o filho. Agora ficou a estação apodrecida, sem vida. O mato desregrado e umas flores acontecidas. O jardim era de ilusão. Os que continuam por aqui sorriem pra mim ou vão passar em pesar recôndito sem nada falar. Não mais se preocupará em demonstrar angústias ou sofrimentos porque saberá que o realmente infinito é a vida dentro do alheio. Ninguém nota. Ninguém se importa. "A dor é minha, é minha a dor", como canta Marisa Monte. E sentará no colo de Deus ou Deus a prosear o fardo de si no antro da luz. E deus ou Deus lhe dirá o nada que explica tudo. O sol e a terra persistirão. A dor da perda tornar-se-á uma pochete viva, um repositório de significados umbilicados em tristezas recidivas ou desenhos estranhos. Tem gente que cumpre o ritual e segue o barco, não poetisa ou constrói estandarte. É como dobrar uma esquina sem lamentar. Mas gente como eu não foi feito a carregar bandeiras e simplesmente render homenagens aos mortos na guerra. Eu sou do tipo desfraldador, um admirador da ventania e dos tons multicolores da alma. Fugi do laboratório como micro-organismo inconformado e perambulo pela vida disfarçado. Não me conformarei em seguir sem trazer dentro de mim o corpo imenso do calor materno, da bondade materna, da altitude do amor. Se me perguntarem como é, como foi...(?) Não posso responder sem mil palavras. Não posso responder sem lágrimas indigitáveis. É tudo isso que represento na prolixidade deste texto. Mais o ponto conciso da dor suportavelmente inesquecível. É uma certeza agnóstica de que ela se encontra no céu, uma estranheza atéia diante da percepção de uma alma a nos guiar, inconformada por nos abandonar, mas consolada pela paz absoluta do desígnio. Se alguém me perguntasse como é ficar sem a Mãe, pois tenho medo quando esse dia chegar, eu diria: A ida dela, no futuro, é o quanto de amor que você pode dar hoje, no presente.

domingo, 3 de abril de 2011


“OS PAIS ENVELHECEM”

Talvez a mais rica, forte e profunda experiência da caminhada humana seja a de ter um filho.
Ser Pai ou ser Mãe é provar os limites que constituem o sal e o mel do ato de amar alguém.
Quando nascem, os filhos comovem por sua fragilidade, seus imensos olhos, sua inocência e graça.
Eles chegam à nossa vida com promessas de amor incondicional. Dependem de nosso amor, dos cuidados que temos.
E retribuem com gestos que enternecem. Mas os anos passam e os filhos crescem.
Escolhem seus próprios caminhos, parceiros e profissões.
Trilham novos rumos, afastam-se da matriz.
O tempo se encarrega da formação de novas famílias. Os netos nascem.
ENVELHECEMOS!
E então algo começa a mudar. Os filhos já não têm pelos Pais aquela atitude de antes.
Parece que agora só os ouvem para fazerem críticas, reclamarem e apontarem-lhe falhas.
Já não brilha mais nos olhos deles aquela admiração da infância.
E isso é uma dor imensa para os Pais.
Por mais que disfarcem, todo Pai e Mãe percebe as mínimas faíscas no olho de um filho.
Apenas passaram-se alguns anos e parece que foram esquecidos, os cuidados e a sabedoria que antes era referência para tudo na vida.
Aos poucos, a atitude dos filhos se torna cada vez mais impertinente.
Praticamente não ouvem mais os conselhos.
A cada dia demonstram mais impaciência. Acham que os Pais têm opiniões superadas, antigas.
Pior é quando implicam com as manias, os hábitos antigos, as velhas músicas.
E tentam fazer os velhos Pais adaptarem-se aos novos tempos, aos novos costumes.
Quanto mais envelhecem os Pais, mais os filhos assumem o controle.
Quando eles estão bem idosos, já não decidem o que querem fazer ou o que desejam comer e beber.

Raramente são ouvidos quando tentam fazer algo diferente. Passeios, comida, roupas, médicos, tudo, passa a ser decidido pelos filhos.
E, no entanto, os Pais estão apenas idosos. Mas continuam em plena posse da mente.
Por que então desrespeitá-los?
Por que tratá-los como se fossem inúteis ou crianças sem discernimento?
E, no entanto, no fundo daqueles olhos cercados de rugas,há tanto amor.
Naquelas mãos trêmulas, há sempre um gesto que abençoa e acaricia.
A cada dia que nasce, lembre-se, está mais perto o dia da separação
Um dia, o velho Pai já não estará aqui. O cheiro familiar da Mãe estará ausente.
As roupas favoritas para sempre dobradas sobre a cama, os chinelos em um canto qualquer
da casa. Então, valorize o tempo de agora com os Pais idosos.
Paciência com eles quando se recusam a tomar os remédios, quando falam interminavelmente
sobre doenças, quando se queixam de tudo.
Abrace-os apenas, enxugue as lágrimas deles, ouça as histórias, mesmo que sejam repetidas,
e dê-lhes atenção, afeto...
Acredite: Dentro daquele velho coração brotarão todas as flores da esperança e da alegria.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Sinto-me como uma pessoa que está envolvida pelo fogo e que a única saída e se jogar pela janela. O video abaixo demonstra exatamente o o que estou sentindo. Só substitua a namorada dele por minha Mãezinha Amada. Em relação a encontrar a Minha Mãe só DEUS é que vai avaliar. Um Beijo e um grande abraço a todos. João Batista.

terça-feira, 29 de março de 2011

Este vídeo expressa exatamento o que sinto. Não existe dor maior que a saudade, a dor da alma.

quinta-feira, 24 de março de 2011

A minha Mãezinha foi primeiro. É a ordem natural. Apesar da minha Espiritualidade e do pouco conhecimento que tenho, a minha vida não é a mesma interiormente. Não estou revoltado. A Falta de sua presença fisica tornou a minha vida em um enorme vazio. Estou buscando forças em DEUS. Espero me fortalecer antes de minha partida para junto da CRIATURA que mais amei nesta vida atual. Que ela possa estar em paz mesmo com toda saudade que ela deve estar sentindo de todos nós que convivemos com ela.Que sua luz possa brilhar cada vez mais Mãezinha Querida, de seu filho que tanto Te Ama, João Batista.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Amor incondicional

Desabafo: Deixei o trabalho e minha vida social pelo tempo que for necessário para cuidar de minha Mãe. Hoje ela tem 81 anos, resolvi ficar ao lado desta criança de cabelos grisalhos. Não é fácil, mas quem disse que a vida é? Não tenho filhos e também não posso ter. Minha Mãe dedicou boa parte de seu tempo para me fazer crescer e enfrentar este mundo. Não sei o tempo que tenho de vida, mas sei que o dela “pode ser” bem menor que o meu, procuro fazer todo o possível para entregar o meu melhor. Tudo podemos naquilo que acreditamos. O amor resolve tudo e sempre nos dá forças para continuar. Abandonar quem ajudou na construção de um ser humano é desumano. Não me importo com a vida lá fora, trouxe o mundo para dentro de minha casa e enquanto estiver vivo irei fazer todo o possível para que ela seja feliz. Sou uma pessoa de família mista financeiramente, lutei e luto muito para ganhar um lugar ao sol e sei que talvez não consiga ter a sombra que muitos conseguem ao nascer com a vida planejada, mas não me canso. Acredito em dias melhores, sei que vencerei, só não sei até quando a terei ao meu lado ou ela me terá. Vivo um dia de cada vez, faço do presente meu tudo, porque não sei o que me reserva o futuro. A única certeza que tenho, é que se ela for embora primeiro que eu poderei olhar para trás e sentir que cumpri minha parte. Os outros filhos e netos não tem tempo, cada um sabe de si para a doação, entreguei á natureza que conspira em nosso favor. É dever dos filhos cuidar de seus pais, pois estarão apenas entregando o que receberam durante toda a vida.